A localização do data center para inteligência artificial da RT-One no Paraná permitirá ao local ter seu abastecimento de energia diretamente ligado a uma linha de transmissão da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional. De acordo com o CEO da empresa, Fernando Palamone, a ideia é ter um projeto energético fundamentado em fontes renováveis, em especial na geração hidrelétrica.
“Nossa localização geográfica privilegiada nos posiciona diretamente sob a linha de transmissão Itaipu–Sarandi, o que viabiliza o fornecimento direto de energia proveniente da Usina de Itaipu, que é considerada uma das maiores e mais relevantes geradoras de energia limpa do mundo”, disse Palamone, em resposta exclusiva enviada a Mobile Time.
O executivo lembra que o fato de o sistema elétrico nacional ser interligado permite à companhia compor um portfólio energético com diferentes origens. Ou seja, além de Itaipu, a companhia estuda contratos com outras fontes renováveis, como adoção de geração solar fotovoltaica e uma usina hidroelétrica em construção perto de Florianópolis.
Por que Maringá, RT-One?
No começo deste ano, a RT-One anunciou um investimento de R$ 6 bilhões para lançar um data center voltado à IA em Maringá, cidade a 427 quilômetros de Curitiba. De acordo com o CEO da empresa, a escolha deste local foi estratégica por ter uma série de “vantagens competitivas” se comparado com o eixo RJ-SP, como:
- Baixo custo de energia limpa;
- Custos menores de terrenos e obras de infraestrutura civil;
- Disponibilidade de ampla área para expandir e escalonar a operação;
- Diversas rotas de fibra ótica para garantir conexão com os principais backbones nacionais e com os cabos submarinos da região de Santos, litoral de SP;
- Qualidade de vida da cidade para profissionais de TI, rede e datacenter;
- Ecossistema tecnológico em desenvolvimento e cercado por universidades para reter talentos e impulsionar a inovação regional, além de apoio da administração municipal ao projeto.
Vale lembrar, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União/MA) apresentou um projeto de lei para a criação de zonas especiais para datacenters (ZEPADs) na última segunda-feira, 15. Elaborado pelo principal nome cotado para assumir o Ministério das Comunicações, o PL não cita uma região específica do país para criar as ZEPADs, mas pode beneficiar regiões como o sul e o nordeste do país que têm se tornado foco de projetos de empresas do setor, como Magalu e RT-One.
“Com a demarcação das ZEPADs, pode-se então desenvolver políticas públicas verdadeiramente federativas e coordenadas para o desenvolvimento nacional, em especial de locais em que a política pode trazer maiores benefícios econômicos, sociais e ambientais”, descreveu o líder do União.
Por dentro de um datacenter voltado à IA
Palamone ainda destrinchou o que será esse data center voltado à IA. Explicou que diferentemente dos desenhos atuais, o projeto da RT-One é focado em suportar “fluxos de trabalho intensivos de treinamento e inferência” e com “alta densidade de potência em vista”.
Mais especificamente, o CEO da empresa disse que a parte técnica será composta por:
- Infraestrutura de computação baseada em servidores GPU e racks de alta densidade otimizados para IA.
- Sistema de resfriamento híbrido com RDHX (Rear Door Heat Exchangers) e refrigeração líquida direta nos chips, permitindo operação eficiente de clusters com consumo térmico elevado;
- Interconexão de alta velocidade entre servidores com baixa latência, incluindo switches de alta capacidade e conectividade redundante – permitindo a criação de clusters de processamento;
- Capacidade de escalar a potência com infraestrutura modular e energeticamente eficiente
- Conformidade com padrões internacionais de segurança e disponibilidade (Tier III+) e preparação para certificações ISO/LEED.
“Atualmente, não há data centers no Brasil preparados para operar com esse nível de exigência em termos de refrigeração líquida e metas energéticas tão rigorosas. Nosso projeto se destaca justamente por incorporar desde a fase de concepção todos esses elementos técnicos: circuitos de água gelada para o resfriamento de CPUs e GPUs, circulação controlada de calor, e a disposição estratégica de racks e servidores para suportar a combinação intensiva de componentes de IA”, detalhou.
Parceria
Com previsão de ficar pronto em 2026, o centro de dados firmou uma parceria exclusiva com a Supermicro para fornecimento de equipamentos. Para esta publicação, Palamone explicou que a relação é estabelecida diretamente com a fornecedora, ou seja, sem o apoio da Positivo Servers & Solutions, que é o seu representante local.
“Possuo um relacionamento sólido com a empresa desde o período em que atuei na Intel, o que nos proporciona uma interlocução direta. Dessa forma, temos total autonomia para fornecer os equipamentos da Supermicro sem a necessidade de intermediação por terceiros”, disse.
Imagem principal: Fernando Palamone, CEO da RT-One (divulgação)