Produzida inicialmente para o extinto streaming Star+, a série Mario e o Cangaço chegou ao catálogo da Disney+ no dia 4 de abril com a promessa de contar uma versão diferente de uma história bastante conhecida. Embora acompanhe a vida do famoso cangaceiro Lampião, a produção foca em explorar essa história sob o ponto de Maria Bonita, sua principal parceira em vida.
Esse papel difícil foi interpretado por Isis Valverde, que contracena com Júlio Andrade como o líder do bando que fez história ao aterrorizar o nordeste brasileiro. A história se foca na relação dos dois personagens e como, em uma época marcada pelo machismo, Maria abandonou uma vida indigna para buscar certa liberdade no mundo do crime.
Quem foi a Maria de Magia e o Cangaço?
Nascida em janeiro de 1910 na cidade de Poço Redondo, Maria de Déa parecia destinada a viver o mesmo ciclo pelo qual incontáveis outras mulheres nordestinas haviam passado. Em uma época marcada por um machismo e um patriarcado ainda mais fortes, ela viveu sob as ordens de seu pai antes de, aos 15 anos de idade, casar com o sapateiro Zé do Nenê.
Como muitas uniões, a dela não foi feliz, já que tinha que lidar com um marido abusivo e traições. No entanto, a jovem não se contentou em fazer o papel de esposa submissa e, diante da infidelidade de seu parceiro, se envolvia em confrontos violentos com Zé e muitas vezes buscava refúgio na casa de seus pais.
Foi em um desses episódios que ela conheceu Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e se apaixonou por ele. Segundo o livro “Bonita Maria do Capitão”, de Germana Gonçalves de Araújo e Vera Ferreira, a jovem decidiu desafiar completamente as regras sociais da época e se separou para viver a vida dura do cangaço.
Ao mesmo tempo que a vida de Maria Bonita foi marcada pelas riquezas, joias e ouro que o bando de Lampião roubava de famílias ricas, ela também teve suas privações. Assim como o restante do bando, ela precisou viver sob a perseguição constante da polícia e lidando com as privações típicas do nordeste brasileiro da época — incluindo a privação de água e de alimentos.
Conhecida pela personalidade forte, a cangaceira conquistou o respeito do restante do bando e não há relatos de que tenha sido abusada por nenhum de seus companheiros.
Ao mesmo tempo que sua presença abriu espaço para outras mulheres, ela não acabou com os estupros de seus colegas — ou até mesmo de seu novo marido, Lampião, que era famoso por gostar de fazer suas vítimas sofrerem abusos sexuais.
Série da Disney+ romantiza trajetória trágica
Relatos indicam que, apesar de ter várias crises de ciúmes em relação a Lampião, Maria Bonita — cujo apelido parece ter se originado na literatura de cordel — nunca se separou dele. O casal chegou a ter uma filha no dia 13 de setembro de 1931, que, seguindo as regras do cangaço, foi entregue para ser criada por um casal de vaqueiros.
Ao mesmo tempo em que retrata muitos elementos da história de forma fiel, Maria e o Cangaço também pode ser considerada uma romantização deles. Em outras palavras, os seis episódios não são tão brutais quando o mundo real se revelou e dão ares mais românticos ao relacionamento de seus protagonistas.
A história de Maria Bonita chegou ao fim de maneira violenta em julho de 1938, quando o bando foi atacado na Grota do Angico pela polícia baiana. Ela estava entre os 11 membros do grupo que acabaram mortos, sendo atingida duas vezes por tiros disparados por José Panta de Godoy, que a decapitou enquanto ainda estava viva.
No entanto, esse fim brutal não foi capaz de apagar a história da jovem que desafiou convenções de uma época e encontrou certa liberdade no mundo do crime. A casa em que ela nasceu virou inclusive um ponto turístico, sendo conhecida desde 2006 pelo nome Museu Casa de Maria Bonita, localizado na cidade de Paulo Afonso.
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