Óleo comum no Brasil está ligado a câncer agressivo, diz estudo

Estudo revela que o ácido linoleico, presente em óleos comuns, pode estimular o crescimento de câncer de mama

(Imagem: coffeekai / iStock)

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Um tipo de gordura presente em diversos óleos vegetais usados no Brasil, como o óleo de soja, foi associado ao crescimento de um tipo agressivo de câncer de mama. A descoberta vem de um estudo pré-clínico conduzido por pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, e publicado na revista Science na última semana.

A pesquisa investigou os efeitos do ácido linoleico, uma gordura do tipo ômega-6 amplamente encontrada em óleos de semente (como o de cártamo e soja) e também em alimentos de origem animal, como carne suína e ovos. Os cientistas observaram que essa substância favorece o crescimento do subtipo de câncer de mama conhecido como triplo negativo, considerado de difícil tratamento por não responder a terapias hormonais.

óleo vegetal
Óleos vegetais como o de soja e o de cártamo foram associados ao câncer de mama (Imagem: Kwangmoozaa / iStock)

Ligação entre ácido linoleico e crescimento tumoral

  • De acordo com os autores, o ácido linoleico ativa uma importante via de crescimento celular chamada mTORC1, mas esse efeito foi observado apenas em células do subtipo triplo negativo.
  • O motivo está na interação da gordura com uma proteína chamada FABP5, abundante nesse tipo de tumor, mas ausente nos outros.
  • A ativação da mTORC1 foi comprovada tanto em culturas de células quanto em testes com camundongos com câncer de mama triplo negativo.
  • Quando esses animais foram alimentados com uma dieta rica em ácido linoleico, houve aumento dos níveis de FABP5, maior atividade da via mTORC1 e aceleração do crescimento dos tumores.

Biomarcador e possíveis novas abordagens

O estudo também analisou amostras de sangue e tecidos de pacientes recém-diagnosticadas com câncer de mama triplo negativo, encontrando níveis elevados de ácido linoleico e da proteína FABP5. Segundo os pesquisadores, essa descoberta ajuda a explicar a relação entre gordura alimentar e o desenvolvimento de certos tipos de câncer.

câncer de mama
Estudo associou câncer de mama triplo negativo a níveis elevados de ácido linoleico e proteína FABP5 (Imagem: Mohammed Haneefa Nizamudeen / iStock)

“Essa descoberta ajuda a esclarecer a relação entre gorduras da dieta e o câncer, além de indicar como definir quais pacientes podem se beneficiar de recomendações nutricionais personalizadas”, afirmou o autor sênior do estudo, Dr. John Blenis.

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Implicações além do câncer de mama

Embora o foco da pesquisa tenha sido o câncer de mama, os cientistas observaram que a mesma via de sinalização FABP5-mTORC1 também pode favorecer o crescimento de subtipos de câncer de próstata. Isso sugere que o impacto do ácido linoleico pode se estender a outras doenças, incluindo condições crônicas como obesidade e diabetes, hipótese que ainda está sendo investigada.

O estudo é considerado o primeiro a estabelecer um mecanismo biológico claro que liga o consumo de ácido linoleico ao desenvolvimento de câncer. A partir disso, os pesquisadores apontam que a proteína FABP5 pode ser um biomarcador relevante para orientar intervenções terapêuticas e alimentares, especialmente para casos de câncer que ainda carecem de tratamentos direcionados.


Ana Luiza Figueiredo

Redator(a)

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.


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