Hackers podiam colocar anúncios falsos no Instagram de brasileiros

A Meta, dona do Instagram e Facebook, corrigiu duas vulnerabilidades que afetavam a criação de anúncios na rede social de fotos em março deste ano. Segundo o desenvolvedor Renato Amaral, em entrevista exclusiva ao TecMundo, cibercriminosos tinham a capacidade de criar anúncios se passando por qualquer conta profissional já existente dentro do Instagram e Facebook.

As vulnerabilidades não afetavam apenas o Brasil, mas também as contas em todo o mundo.

Renato Amaral, que hoje é TOP 2 no ranking de bug bounty da Meta (programas de recompensas por falhas), explica que as falhas já foram validadas pela equipe de segurança da companhia de Mark Zuckerberg e recebeu dois pagamentos pela descoberta, com valor total de US$ 99 mil.

Os detalhes técnicos que envolvem as brechas não foram revelados. Segundo Amaral, a própria Meta não autorizou que as miudezas fossem descritas.

“Basicamente a falha dava permissão de anunciante nas contas do Instagram, aí com essa permissão eu conseguia criar um anúncio e publicar uma foto no perfil das contas profissionais”, explica o desenvolvedor. “A foto, como é foto de anúncio, não aparece no feed da pessoa, mas ela era publicada dentro da conta da pessoa”.

Reconhecimento da META enviado ao desenvolvedor

O que eram as falhas do Instagram e Facebook?

O desenvolvedor afirma que as brechas envolviam uma falha de lógica, e não seria um CVE (Vulnerabilidades e Exposições Comuns) ou erro de programação.

“Havia a possibilidade de criar um anúncio no perfil da Magazine Luiza, por exemplo, vendendo algum produto. Dentro do Instagram, se tornaria um produto vendido pela própria Magalu, mas o link seria falso, com rota alterada”, explica Amaral.

Como o golpe do Instagram acontece?

Mesmo sem detalhes técnicos revelados, o golpe se desenrolava da seguinte maneira:

  • Vítimas (usuários do Instagram e Facebook) recebem anúncios de empresas X no próprio feed
  • O anúncio é legítimo, mas o link é fraudulento e leva para uma página falsa
  • O anúncio não aparece no perfil do ecommerce, aparece apenas no feed de vítimas

Para o cibercriminoso, o caminho seria este:

  • Cibercriminoso obtém acesso de anunciante no perfil de loja (exemplo, Magalu)
  • Cibercriminoso cria um anúncio no perfil deles com uma imagem de um produto falso e com link para site falso
  • Vítimas recebem o anúncio no feed/stories como um anúncio oficial “da Magalu”
  • A propaganda falsa não aparece para a loja (exemplo, Magalu) e eles não sabem que ela foi feita em nome deles
  • Cibercriminoso recolhe o que configura no link falso, seja roubo de dados pessoais ou dados financeiros

Um ataque sem proteção

As vulnerabilidade descobertas por Renato Amaral eram praticamente golpes perfeitos: não havia como a vítima se proteger previamente.

“A falha afetava todas as contas que estão como profissionais no Instagram, praticamente todas as contas grandes de empresas e influencers são profissionais. Não tinha o que a pessoa fazer. Mesmo que ela acessasse a publicação pelo link na conta dela, ela não conseguia excluir porque dava erro, era uma publicação atrelada a anúncio sem possibilidade de exclusão”, explica.

O desenvolvedor ainda revela que o cibercriminoso tinha a capacidade de excluir comentários de vítimas e checar o engajamento na publicação falsa, mas que esse ponto não foi muito relevante para Meta, que focou apenas na correção de ambas as falhas citadas anteriormente.

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