Conheça o Projeto Kuiper, internet por satélite da Amazon que rivaliza com o Starlink

Nesta semana, a Amazon avança para o próximo estágio da implementação do Projeto Kuiper, novo serviço de internet por satélite. A empresa se prepara para lançar 27 satélites a bordo do foguete Atlas V, diretamente do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. A iniciativa, que rivaliza com a Starlink de Elon Musk, quer cobrir a órbita da Terra com mais de três mil transmissores em breve. A expectativa é que o Projeto Kuiper entre em operação total até o final de 2025, com a promessa de oferecer acesso à Internet rápida, em escala global, por um preço competitivo.

A proposta inicial tem um planejamento mais ousado que o da SpaceX em sua primeira geração, visando alcançar três vezes o nível de cobertura inicial da concorrência. Com isso, a Amazon pretende compensar a entrada tardia neste mercado e disputar pela liderança nesta nova corrida de internet por satélites espacial. Nas linhas a seguir, o TechTudo te apresenta mais detalhes sobre o Projeto, como o que é, como funciona, qual será a velocidade da internet e mais.

Projeto Kuiper, da Amazon, conta com servidores em solo terrestre para dar suporte a satélites — Foto: Divulgação/Amazon

O que é o Projeto Kuiper?

Segundo a Amazon, o objetivo do Projeto Kuiper — nome provisório do serviço de internet por satélite da empresa — é oferecer conexão de alta velocidade com baixa latência para praticamente qualquer lugar no planeta. Além de almejar um preço competitivo no mercado, para atrair clientes de grandes centros urbanos, a marca também quer garantir a cobertura em áreas negligenciadas por operadoras tradicionais de Internet, como zonas rurais.

Essa estratégia não parece tão diferente das ambições do Starlink. Para isso, a Amazon planeja estabelecer uma rede com milhares de satélites em órbita a uma altitude baixa. O projeto está em desenvolvimento desde 2018, mas só conseguiu aprovação da Comissão Federal de Comunicação dos Estados Unidos (FCC) para entrar em operação em julho de 2020. Desde então, o programa vem avançando com cautela, com os primeiros protótipos lançados em 2023 — mesmo ano em que a empresa anunciou uma fábrica em Washington, dedicada à produção de satélites.

Meta do serviço é providenciar uma cobertura completa do planeta com gama de satélites — Foto: Reprodução/Amazon
Meta do serviço é providenciar uma cobertura completa do planeta com gama de satélites — Foto: Reprodução/Amazon

Para ter acesso aos serviços do Projeto Kuiper, o consumidor precisa instalar uma antena fornecida pela Amazon em sua residência. O receptor capta o sinal do satélite mais próximo e conta com a ajuda de satélites vizinhos para garantir uma conexão estável, rápida e de qualidade. Assim como o Starlink, o Projeto Kuiper dispensa a tecnologia tradicional de conexão por satélite por uma alternativa mais moderna. Desta forma, o serviço promete alcançar um desempenho próximo ao oferecido por transmissão via fibra óptica, mesmo nos lugares mais remotos do planeta.

O segredo para reduzir a latência e aumentar a velocidade, problemas que costumam assombrar esse tipo de conexão, está na tecnologia laser. Ela permite a transmissão de dados na velocidade da luz, o limite máximo em termos práticos, o que garante a menor latência possível para o serviço. Além da comunicação com os terminais terrestres, os próprios satélites também se conectam entre si por meio dessa tecnologia, que a Amazon chama de Conexão Óptica Intersatélite (OISL).

Antena do Projeto Kuiper, da Amazon, instalada em um telhado — Foto: Reprodução/Amazon
Antena do Projeto Kuiper, da Amazon, instalada em um telhado — Foto: Reprodução/Amazon

Em testes, o sistema conseguiu manter dois satélites em movimento, a velocidades de até 25.000 km/h, conectados com transmissão de dados a 100 Gb/s, mesmo a uma distância de 2.600 km. Com essa tecnologia, a Amazon planeja montar uma constelação de 3.232 satélites em órbita baixa, a aproximadamente 630 km de altitude.

A título de comparação, satélites tradicionais pairam a dezenas de milhares de quilômetros da Terra. Segundo a empresa, eles viajam a velocidades superiores a 27000 km/h, completando uma volta em torno do planeta a cada 90 minutos. O gerenciamento do processamento, tráfego e conexões ponto a ponto é controlado por um chip proprietário exclusivo, tanto nos satélites quanto nas antenas: o Prometheus, desenvolvido por engenheiros da Amazon.

Qual será a velocidade da internet?

Ainda não existem dados concretos sobre a potência real do Projeto Kuiper, já que o serviço ainda não está em operação. Enquanto isso, a velocidade de conexão de sua principal rival, a Starlink, varia entre 50 e 150 Mb/s (Megabits por segundo, popularmente conhecido como Mega). A promessa da Amazon é superar esse valor em seu plano padrão.

Para isso, a empresa está desenvolvendo três modelos distintos de antena, com capacidades que atendem a diferentes perfis de consumidores. No uso doméstico, por exemplo, a previsão é oferecer antenas capazes de atingir até 400 Mb/s, ocupando menos de 30 cm² nos telhados das residências.

Uma alternativa portátil também estará disponível, com antenas de 18 cm², que proporcionem uma conexão mais modesta, de até 100 Mb/s. Por fim, usuários com grandes demandas de transferência poderão optar por antenas maiores que entregam uma conexão estável que pode chegar a 1 Gb/s, ideal para empresas e organizações governamentais.

Amazon depende de parcerias com empresas espaciais para expandir sua constelação — Foto: Reprodução/Amazon
Amazon depende de parcerias com empresas espaciais para expandir sua constelação — Foto: Reprodução/Amazon

Por enquanto, não há dados confirmados sobre a latência do serviço. Porém, a Amazon almeja entregar a menor possível. A título de comparação, a concorrente Starlink alcança um atraso de até 31 milissegundos (ms), o menor do segmento.

Quando o serviço estará disponível e quanto custará?

Como já mencionado, a Amazon espera que o Projeto Kuiper esteja disponível até o final de 2025. Por enquanto, a rede de satélites segue em fase de implementação. A primeira leva, com 27 unidades, entra em órbita nesta semana, em abril de 2025. Segundo a empresa, a segunda leva já está pronta para ser enviada, sinalizando um cronograma de lançamentos acelerado.

Para comparação, o intervalo entre os dois primeiros lançamentos da Starlink foi de três meses. Em relação ao preço, ainda não há informações oficiais, além do custo estimado das antenas do modelo padrão, que não deve ultrapassar US$ 400 — cerca de R$ 2.300 na cotação atual. Até agora, tudo o que a Amazon declarou foi a intenção de manter o serviço com um valor acessível.

Antena padrão promete um custo de entrada acessível — Foto: Reprodução/Amazon
Antena padrão promete um custo de entrada acessível — Foto: Reprodução/Amazon

A expectativa é que a Amazon ofereça diferentes planos de assinatura, com preços próximos aos da principal concorrente, a Starlink. No Brasil, o serviço da SpaceX conta com dois planos pessoais: o residencial, por R$ 236 mensais, e o plano viagem, por R$ 576 ao mês. Ambos exigem a compra de um kit de instalação com antena — algo que também deve ocorrer com o Projeto Kuiper.

Atualmente, o assinante da Starlink no Brasil paga R$ 2.400 pelo equipamento, valor semelhante ao custo estimado de produção das antenas da Amazon.

Metas futuras do Projeto Kuiper

A Amazon planeja realizar quase oitenta lançamentos para completar sua constelação de 3232 satélites. Sem capacidade própria de conduzir missões espaciais, o empreendimento de Jeff Bezos fechou uma série de parcerias para garantir um ritmo confortável de evolução ao longo dos próximos anos. Entre as missões previstas, sete seguirão o mesmo modelo deste lançamento inicial, com cerca de duas dúzias de satélites enviados por um foguete Atlas V.

Foguete Atlas V na base da Amazon — Foto: Reprodução/Spaceflight Now
Foguete Atlas V na base da Amazon — Foto: Reprodução/Spaceflight Now

Depois disso, a empresa ainda planeja mais 38 lançamentos por foguetes Vulcan Centaur, com capacidade para transportar ainda mais satélites de uma só vez, e trinta lançamentos adicionais em foguetes de outras parceiras, como Arianespace, Blue Origin e até mesmo da SpaceX.

Diferenças entre o Projeto Kuiper e Starlink

O Projeto Kuiper, da Amazon, e o Starlink, da SpaceX, não apresentam muitas diferenças na implementação. Contudo, as estratégias de evolução por trás de cada iniciativa não poderiam ser mais diferentes. Cada empresa tem uma vantagem competitiva que muda ligeiramente a natureza do seu serviço.

A SpaceX tem uma rede própria de foguetes a disposição, o que simplifica o processo de expansão e garante uma cobertura maior da operadora. Ou seja, a Starlink já saiu na frente por ter iniciado sua operação com anos de antecedência, em 2020. Se isso não fosse o suficiente, a velocidade de expansão da sua constelação é muito maior e a empresa já estuda formas de implementar suporte à conexão móvel.

Starlink Direct to Cell tem previsão de chegar ao Brasil em 2025, podendo levar internet para regiões mais extremas, mar e a floresta amzônica — Foto: Reprodução/fauxels
Starlink Direct to Cell tem previsão de chegar ao Brasil em 2025, podendo levar internet para regiões mais extremas, mar e a floresta amzônica — Foto: Reprodução/fauxels

Em contrapartida, a Amazon tem a sua disposição poderosas infraestruturas de processamento em nuvem, da AWS, o que garante uma integração maior com sua iniciativa. Desta forma, o Projeto Kuiper tem o potencial de oferecer tempos de resposta menores e uma conexão mais confiável com os serviços mais usados pelo público.

A princípio, a desvantagem do Projeto Kuiper será enorme. Afinal, enquanto o programa da Amazon corre para alcançar a meta de 3232 dispositivos em sua constelação, o Starlink já ultrapassa a marca de sete mil satélites à sua disposição. No entanto, a expectativa é que essa diferença diminua com o tempo. Assim, o serviço da Amazon disputa o mercado com a já consolidada Starlink de Elon Musk.

🎥 Conheça também o Ar-condicionado inverter!

Ar-condicionado inverter: saiba TUDO sobre a tecnologia!

Ar-condicionado inverter: saiba TUDO sobre a tecnologia!

Rolar para cima