O “tarifaço” anunciado pelo presidente Donald Trump contra dezenas de países fez a Apple tomar uma decisão incomum: a companhia enviou cinco aviões carregados de iPhones da Índia diretamente para os Estados Unidos. A ideia é formar um amplo estoque de produtos em território americano.
Na última quarta-feira (02/04), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou uma lista de tarifas recíprocas de importação que visam “libertar” o país do domínio de produtos estrangeiros. Não por acaso, Trump batizou a data de “Dia da Libertação”.
Esse movimento é preocupante para diversas empresas, inclusive americanas. É o caso da Apple. Grande parte dos produtos da marca são produzidos na China e na Índia, países que foram tarifados em 54% e 26%, respectivamente.
No caso da China, havia uma tarifa de 20% em vigor desde o início de 2025 que, em 9 de abril, será ampliada em 34 pontos percentuais, fazendo o total chegar a 54%.
Se os custos aumentam, a lógica é a de repassá-los aos consumidores. Mas a Apple não quer promover um aumento de preços, pelo menos não neste momento. Então, a solução está em amenizar esses custos, tanto quanto possível. É aí que os aviões entram em cena.
Sabendo que o “tarifaço” estava para ser anunciado, a Apple fez cinco voos da Índia para os Estados Unidos com aviões repletos de iPhones e outros produtos da marca. As viagens foram realizadas em um intervalo de apenas três dias, na última semana de março.
É o que afirmam autoridades indianas ouvidas pelo The Times of India. De acordo com o veículo, os aviões realizaram essas viagens em caráter de urgência, de modo a permitir que a Apple tivesse um estoque considerável de produtos em território americano antes de as tarifas de importação estabelecidas pelo governo dos Estados Unidos começarem a valer.
A Apple não deveria produzir nos Estados Unidos?
Essa é uma decisão que certamente deixaria Donald Trump satisfeito, mas não é tão simples assim. Mesmo que a produção de iPhones e outros produtos da marca fosse inteiramente transferida para os Estados Unidos, a Apple ainda dependeria de componentes fornecidos por empresas estrangeiras, também sujeitas às novas tarifas.
Para completar, a produção nos Estados Unidos faria a Apple ter custos com mão de obra até dez vezes maiores em relação ao que a companhia gasta atualmente com esse fator na China, explica o Wall Street Journal.
A despeito do novo cenário, a Apple ainda deve priorizar a produção na Índia, devendo inclusive transferir linhas de produção da China para o território indiano. Isso porque, obviamente, a tarifa recíproca de 26% aplicada sobre a Índia é menos impactante do que os 54% direcionados à China.
