como o MMORPG foi salvo pelos fãs – Meio Bit

Lançado em 2002, Final Fantasy XI está entre os mais antigos MMORPGs ainda em atividade, sendo dois anos mais velho que World of Warcraft. O primeiro título do gênero da Square Enix hoje só pode ser jogado no Windows, mas ainda possui uma base fiel de jogadores, mesmo sendo um dos poucos de seu gênero que exigem assinatura mensal.

Dada sua longevidade, não foram poucas vezes que boatos circularam sobre o fechamento do game, o que a Square Enix sempre desmentiu, mas ele de fato quase foi movido para o estado de manutenção em 2024; no entanto, o enorme feedback dos jogadores de Final Fantasy XI fez a desenvolvedora japonesa mudar de ideia.

Final Fantasy XI (Crédito: Divulgação/Square Enix)

Final Fantasy XI (Crédito: Divulgação/Square Enix)

Final Fantasy XI quase chegou ao fim

Quem conta essa história é Yoji Fujito, atual produtor e diretor de Final Fantasy XI, e membro do time de desenvolvimento do game desde seu lançamento. Ele assumiu o cargo atual em 2022, quando o MMORPG completou 20 anos de atividade, e já na época havia discussões internas sobre o destino do game.

Como um título numerado da franquia (leia-se um dos games “principais”), é pouco provável que a desenvolvedora tenha planos concretos para fechar o game em si, a ideia de torná-lo inacessível nem passa pela cabeça dos executivos; foi por esse motivo, inclusive, que Final Fantasy XIV: A Realm Reborn veio a existir, após o fiasco da versão 1.0.

O que a Square Enix vinha considerando já há algum tempo, mesmo antes de 2022, era mover o game para o estado de manutenção já em 2024, ou seja, interromper o lançamento de novos conteúdos e manter apenas os servidores funcionando, executando patches de correção quando necessários. Assim, FFXI não mais seria expandido após a conclusão de The Voracious Resurgence, e se converteria em um game online as is (no estado em que se apresenta), o que liberaria o time de desenvolvedores para outros projetos.

Fujito conta, porém, que durante as comemorações dos 20 anos do game, fãs de várias partes do mundo mandaram mensagens à Square Enix, expressando o quanto eles queriam que o game continuasse no ar, ainda por temerem os rumores de que o MMORPG seria fechado mais cedo ou mais tarde. Alguns jogadores disseram que o game faz parte de sua rotina desde 2002, e que ficariam devastados caso não pudessem mais jogá-lo.

Embora datado para os padrões de hoje, Final Fantasy XI ainda conta com uma comunidade fiel de jogadores (Crédito: Divulgação/Square Enix)Embora datado para os padrões de hoje, Final Fantasy XI ainda conta com uma comunidade fiel de jogadores (Crédito: Divulgação/Square Enix)

Embora datado para os padrões de hoje, Final Fantasy XI ainda conta com uma comunidade fiel de jogadores (Crédito: Divulgação/Square Enix)

Segundo o produtor, ele conversor com o então produtor de FFXI e seu predecessor na posição, Akihiko Matsui, sobre o que fazer. Os dois e o time do game (e os executivos da Square Enix, lógico) decidiram observar a recepção geral do público pela expansão The Voracious Resurgence, paa determinar se a dedicação dos jogadores ao título era real, ou apenas palavras ao vento; afinal, de nada adiantaria atender pedidos do público, se ninguém está jogando.

Como a recepção foi positiva (FFXI tem hoje uma média de 900 a 1.200 jogadores simultâneos, o que não é ruim para um game tão antigo), a desenvolvedora decidiu não só manter o game ativo, como substituiu os servidores antigos por novos, e se comprometeu a lançar novos conteúdos.

No entanto, Fujito alerta os fãs que o atual time de desenvolvimento de FFXI é atualmente bem pequeno, e que é preciso primeiro avaliar o que eles podem fazer com recursos limitados; enquanto o produtor admite que não será possível acrescentar coisas novas a cada patch, a equipe está empenhada em desenvolver experiências novas, e alguns itens e armas aqui e ali, de forma não periódica, enquanto trabalham para manter o game livre de bugs e agradável.

Acertando na 1.ª tentativa

O desenvolvimento de Final Fantasy XI foi, na falta de um termo melhor, um esforço titânico da na época Squaresoft. Hironobu Sakaguchi, criador e então produtor dos títulos principais da franquia, estava simultaneamente trabalhando em FFIX, o último game original da série para o PlayStation original, que sairia em 2000, e FFX, o primeiro para o PS2, lançado em 2001.

Influenciado por MMORPGs de sucesso da época, como EverQuest e Ultima Online, Sakaguchi propôs que a Square deveria investir no formato, usando a franquia Final Fantasy para atrair a atenção do público. Ele ironicamente não se envolveria diretamente no projeto, que reuniu times de quatro games diferentes: os de Parasite Eve II e Brave Fencer Musashi, de Osaka, e os de Chrono Cross e da série Mana/Seiken Densetsu, de Tóquio.

Lançado para Windows e PS2 em 2002, e para Xbox 360 em 2006, FFXI teve uma recepção regular para boa, ao não ser considerado especialmente inovador (e World of Warcraft passaria com o trator por cima dele em popularidade, dois anos depois), mas conquistou uma base sólida de fãs, fossem os atraídos pela marca Final Fantasy, ou os curiosos em testar o mais novo RPG massivo multiplayer disponível.

O investimento para quem jogava nos consoles, especialmente no PS2, era especialmente custoso; o game exigia um HD (ele vinha com um de 40 GB) e um modem, acessórios comprados à parte, e no fim das contas, ambas plataformas da Sony e Microsoft perderam acesso ao título em 2016, em prol de concentrar os esforços de desenvolvimento no Windows.

O game nunca teve uma atualização visual para parecer mais bonito, ao contrário de Final Fantasy XIV em 2024, talvez para permitir que jogadores legados em PCs mais modestos pudessem continuar a jogar. Embora não possua uma base instalada tão grande quanto o atual MMORPG carro-chefe da franquia (~990 mil usuários ativos, mas não necessariamente jogam todo dia), e ambos fiquem bem atrás de WoW (~7,8 milhões ativos), FFXI ainda é bastante querido pelos fãs.

Como um título principal da série, a Square Enix também o referencia em outros jogos da franquia, ao incluir NPCs populares, como a sarcástica maga Shantotto e a elvaan movida a energia nuclear Prishe, na subsérie Dissidia, e em Dawntrail, a mais recente expansão de Final Fantasy XIV.

A Alliance Raid de Final Fantasy XIV: Dawntrail, Echoes of Vana'diel, é o tão esperado crossover entre os dois MMORPGs da franquia (Crédito: Divulgação/Square Enix)A Alliance Raid de Final Fantasy XIV: Dawntrail, Echoes of Vana'diel, é o tão esperado crossover entre os dois MMORPGs da franquia (Crédito: Divulgação/Square Enix)

A Alliance Raid de Final Fantasy XIV: Dawntrail, Echoes of Vana’diel, é o tão esperado crossover entre os dois MMORPGs da franquia (Crédito: Divulgação/Square Enix)

Ainda que Final Fantasy XI não seja o game mais popular da série principal, nem o mais jogado dos MMORPGs, ele possui uma comunidade sólida e saudável, graças à desenvolvedora e os próprios jogadores, o suficiente para garantir que ele continue vivo, ativo, e recebendo novos conteúdos, ao menos por mais alguns anos.

Fonte: Dengeki Online (em japonês)

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