A franquia de terror Premonição (em inglês, Final Destination) retorna às telonas após 14 anos. Em Premonição 6: Laços de Sangue, a universitária Stefanie (Kaitlyn Santa Juana) é atormentada por sonhos recorrentes nos quais presencia o desabamento de um prédio e a morte de várias pessoas.
O que ela ainda desconhece é que essas visões são premonições herdadas de sua avó, que também aparece em seus pesadelos. Decidida a impedir o ciclo de tragédias que persegue sua família, Stefanie embarca numa busca para desvendar a origem desse mal e encontrar uma forma de quebrar o destino que a aguarda.
Vale a pena ver Premonição 6 nos cinemas?
O novo capítulo da saga, originalmente criada por Jeffrey Reddick, é um projeto ambicioso que procura dar continuidade e apresentar ao público contemporâneo o sucesso dos anos 2000. Mas, tarefa difícil: Premonição 6: Laços de Sangue não recupera o brilho dos dois títulos mais marcantes, o primeiro (2000) e o terceiro (2006), embora também fique distante dos pontos mais baixos da franquia, onde, para mim, despontam os dois filmes anteriores.
Como fã, confesso que minhas expectativas eram altas, mas não foram plenamente atendidas. O longa não chega a ser decepcionante: sua narrativa mantém um ritmo sólido e, no começo, consegue prender a atenção. As sequências de mortes, aliás, estão entre as mais criativas de toda a saga. Ainda assim, faltou empatia: não me conectei com os personagens como esperava, o que diminui o impacto emocional das premonições e dos desafios que eles enfrentam.
Definitivamente, se trata de um filme mediano, que os fãs acostumados ao estilo exagerado da franquia podem até curtir na sala de cinema. Ainda assim, seu formato e ritmo fariam dele um título perfeitamente dispensável para plataformas de streaming.
A morte é a velha protagonista, mas com novas surpresas
A morte, assim como nos capítulos anteriores, assume o papel de protagonista invisível, cercando um grupo de pessoas e obrigando o espectador a desviar o olhar diante das sequências mais inusitadas que a criatividade dos roteiristas consegue conceber. Neste novo longa, o fato de todas as vítimas pertencerem à mesma família confere ao enredo um frescor inesperado, o diferenciando dos demais títulos da franquia.
Stefanie, por sua vez, é uma protagonista simpática, algo que não víamos na franquia desde Wendy Christensen, vivida por Mary Elizabeth Winstead em Premonição 3 (meu favorito, claro), mas, obviamente, não figura o meu top 3. Seu drama pessoal (abandono materno, pesadelos constantes e a dificuldade de se reintegrar à própria família) confere uma nova camada de interesse à heroína “iluminada”.
Ainda assim, ela e o restante do elenco esbarram numa falha recorrente dos filmes do gênero: o roteiro insiste em diálogos expositivos demais quando cenas silenciosas seriam mais eficazes.
Um bom exemplo acontece num momento que até poderia render humor, mas soa constrangedor: a revelação da verdadeira paternidade de Erik Campbell e a alegação de que, por não ser de sangue, ele estaria isento do perigo que ronda os demais. A cena, além de forçada, acaba tirando a tensão do clímax, embora eu releve esse deslize pela histórico um tanto cafona dos slashers.
Premonição 6 não é bom, mas também não é de todo ruim
Premonição 6: Laços de Sangue presenteia o espectador com uma das sequências de morte mais ambiciosas da saga: explosões, vidros estilhaçados, tensão crescente e até uma cena musical no topo de um prédio, que mantém quem assiste completamente imerso na premonição.
Apesar disso, o longa não se sustenta como um filme de terror convencional, funciona, na verdade, como um dos mais interessantes capítulos da franquia (o que, convenhamos, não é difícil, considerando os dois últimos).
Com grande parte dos personagens superficiais, um roteiro que beira o mais simples e mortes gráficas e agonizantes (o verdadeiro ponto alto do filme), Premonição 6 se mostra um filme de horror que, para o bem e para o mal, pode agradar uma parte dos fãs da série.