Uma das prioridades da Twitch atualmente é conquistar uma nova geração de criadores de conteúdo e espectadores. Para isso, uma das estratégias foi reformular o aplicativo mobile da plataforma, tornando-o mais ágil e intuitivo — uma resposta direta à crescente influência de redes como o TikTok entre o público jovem.
Durante a Gamescom Latam 2025, realizada entre os dias 1 e 4 de maio, o Voxel conversou novamente com Ignacio Estanga, responsável pela operação da Twitch na América Latina, que revelou as informações. A entrevista, a segunda realizada com o executivo — a primeira foi durante a TwitchCon 2024 —, focou nas mudanças recentes na plataforma, além de abordar temas que preocupam criadores e usuários da comunidade de streaming.
Retorno de streamers e transmissão multiplataforma
Sobre os streamers que deixaram a Twitch, mas acabaram retornando, o executivo apontou a recente liberação para transmissões simultâneas em outras plataformas como um fator decisivo. Antes proibida, a prática oferece mais flexibilidade e abre caminho para maior alcance e monetização — dois elementos fundamentais para quem vive de criar conteúdo online.
Apesar dos avanços, a monetização ainda é uma das principais queixas dos criadores, especialmente no Brasil. Para mitigar isso, Estanga destacou o aumento da receita gerada por inscrições realizadas via Twitch Prime — benefício incluído para assinantes do Amazon Prime. O recurso continua sendo um dos pilares de apoio financeiro dentro da plataforma.
Além disso, a equipe comercial da Twitch tem buscado ativamente novos patrocinadores dispostos a investir em canais parceiros. Segundo ele, há várias formas de apoiar streamers além das inscrições: doações, uso de bits, drops e outras ferramentas introduzidas ao longo dos anos continuam em expansão.
Profissionalização do streaming e acessibilidade
Questionado sobre a profissionalização do trabalho como streamer, Estanga reforçou que uma das suas metas na Twitch é tornar essa carreira mais acessível. Ele afirma que, embora ainda exista uma visão antiquada de que streaming “não é trabalho de verdade”, a plataforma tem trabalhado para reduzir barreiras de entrada.

Se antes era necessário ter uma grande base de audiência e transmitir com alta frequência para ser elegível a monetização, hoje já é possível obter retorno financeiro com exigências mais flexíveis. Ainda assim, ele reconhece que o maior desafio é se destacar diante de tantos criadores disputando a atenção do público.
Regras mais claras e segurança para criadores
Nos últimos anos, outro ponto sensível tem sido a segurança dos criadores e o cumprimento das diretrizes da plataforma. Estanga ressaltou que as regras da Twitch foram revisadas para deixá-las mais claras e reduzir ambiguidades na aplicação de penalidades — especialmente em casos de conteúdos envolvendo sexualização explícita ou uso de drogas.
O executivo também revelou que a equipe de moderação foi significativamente ampliada. No passado, uma única pessoa era responsável por lidar com todas as infrações ocorridas no Brasil. Hoje, há times dedicados e ferramentas à disposição dos próprios criadores, como filtros automáticos e moderadores que atuam em tempo real no chat.
TwitchCon no Brasil? Ainda é cedo para dizer
Por fim, perguntamos sobre os planos de expansão da Twitch no Brasil, incluindo a possibilidade de uma edição local da TwitchCon. Ignacio foi cauteloso ao responder, afirmando que ainda não há definições concretas sobre o tema. “Não sei o que o futuro nos reserva”, afirmou, sinalizando que, se acontecer, não será em um futuro próximo.
Enquanto isso, a presença da Twitch em eventos como a Gamescom Latam serve como um indicativo do interesse da empresa em se aproximar cada vez mais da comunidade brasileira — um dos mercados mais ativos e engajados da plataforma.